terça-feira, 13 de maio de 2014

Esperança Enterrada.

O mundo ao meu redor correspondia à cinzas, pontas, RAP, poesias não recitadas e odores marcados. Eu estava caminhando em uma direção completamente ilusória, como num campo minado com piso de ardósia. Brilhante, mas totalmente falso, a ponto de explodir e acabar com tudo aquilo que tenho de mais precioso. Eu simplesmente falhei em alguns pontos, me deixei levar pelas emoções. Há uma fresta na janela mas não há luz, você fica esperando que entre luz pela fresta da janela e não existe essa possibilidade pois a janela está tampada com tijolos do outro lado. Não existe possibilidade nenhuma de ver luz então, e aceitar isso me matou um pouco. Me matou um pouco pois sou jovem, e aceitar minha condição me tornou um pouco mais velha. Envelhecer mata.


De ontem para hoje envelheci uns 10 anos. Nem as conversas de Whatsapp me interessam mais. A melhor coisa para fazer hoje é trabalhar, ler um livro, arrumar a casa, fazer o jantar. Eu quero acreditar muito que tenha enterrado tudo que senti e tudo que esperei. Meus finais de semana têm sido um pouco agitados e eu quero que continuem assim, mas hoje, hoje eu quero esquecer todas as imagens que constroem um acontecimento impossível.


Eu realmente quero acreditar que foi parte de mais um devaneio e que a presença da luz tocando meu rosto, aquecendo minha pele, é totalmente controversa. Mesmo que tirem os tijolos que cobrem as janelas, ainda restará um breu só, pois aqui é sempre noite.
E enquanto eu anoiteço, vivo cada estrela que me acompanha, eu tenho que ter certeza, tenho que saber, que não dá mais para investir em ilusão. Eu não posso culpar ninguém... a unica que cultivou essa esperança sem nexo algum, fui eu.


Estamos sempre com expectativas do externo. Sempre esperando algo dos outros. Sempre confiando em alguém, sempre nos expondo e esperando que tudo dê certo. Talvez se fecharmos os olhos para fora e os abrirmos para dentro, veremos que não precisamos esperar dos outros o que temos aqui dentro. E que não existe ação externa, apenas o que parte da gente e o que nos torna parte do todo. Somos máquinas de transformação, uns com filtro, outros sem. E nessa busca por autocontrole, quem sabe, controlemos tudo ao nosso redor. Sabe, parte da gente. Preciso realmente por isso em prática, e enterrar toda ilusão que me foi rendida. Já enterrei sentimentos outras vezes, mortos... dessa vez é diferente.



Enterrar um sentimento vivo é cruel, mas necessário. Eu preciso entender isso. Nós sempre nos destruímos um pouco em cada processo desse. Faz parte, é natural. Eu só não posso me entregar e cair junto na cova, mas tenho certeza que isso não será um problema. O único problema vai ser continuar alimentando isso dentro de mim. E não vou mais.

Obs¹.: Pelo que podem perceber fiquei muito tempo sem postar, tudo estava indo perfeitamente bem.
Obs².: Não desperte nenhum sentimento forte demais em um poeta. Minha dica.

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