domingo, 12 de agosto de 2012

Por que desespero?

Passei os olhos pelas cortinas, claras pela luz do dia, no tom azulado da cor límpida do céu. O Silêncio da casa contrastava com a molecada que brincava na rua e o canto dos pássaros ao longe. O rádio e a tv desligada. Melhor coisa a se fazer. Ali deitada fitando o meu mundo, pensei: "Poderia ser assim...". Café na caneca, com uma pitada de canela, que deixaria esse odor espalhado pela casa por umas 2 ou 3 horas, até o odor do almoço se instalar e provocar fome. Erikah Badu tocando, e o mundo girando. Seria maravilhoso se amanhã não fosse segunda e o pequeno fato de me lembrar disso provocou um sentimento que não tinha há um tempo, maldito.
Sabe, as vezes não faz sentido. As vezes eu quero enxergar o mundo com outros olhos, mas tudo tem um limite. Uma hora a alma cansa, o santo pede: "Descansa! Se livra! Você precisa mudar!".
Mas eu não posso me livrar agora, cale a boca. Não me desconcentre. Não o traga de volta. Eu não quero o desespero novamente aqui comigo. Por que Desespero?
Desespero é ver o mundo tão grande e saber que nunca sai da cidade. Ver milhões de livros na estante e não poder ler todos. De ver casas que nunca morarei. De saber que nunca vou experimentar todos os sabores. De imaginar que nunca reconhecerei todos os rostos. De entender a dimensão colossal do universo e todas as dimensões possíveis e não chegar mais que alguns metros do solo.
Desespero, não contente com minha sensação de pequenez constante, me trás a náusea e a vontade incontrolável de desabar. De ver que não alcançarei mais do que aonde meus pés e braços chegam. E isso é impressionante. Me faz reconhecer que diante de todas as tentativas das quais falhei, que estou fadada a seguir um rumo imposto pelo destino. O Destino é uma prisão. Eu tentei fugir, sair, só fui punida com isso.
Desespero. Sou tão impaciente, e nessa impaciência descobri que a verdade é a maior mentira e a liberdade não existe.
Amanhã o mesmo trem. O mesmo som. A mesma sala. Com novas perspectivas. Vou deixar ali todo o meu desespero. Eles precisam senti-lo. Eles precisam conhecer o desespero que se privam de sentir. Eu vou mostrar para eles o que é desespero. Eles saberão o que é liberdade. Da pior maneira possível.
Maldição, odeio entender poesia na vivência. Mas depois de entender Drummond na prática, chegou a vez de Clarice. Liberdade é pouco mesmo, o que queremos ainda não tem nome, identidade ou popularidade. Faz mal pensar grande. Principalmente sem soluções.

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