segunda-feira, 25 de julho de 2011

Romantização

A vida é o que é. Não existe uma tabulação, uma definição, um sentido. Lide com isso.
A vida é a obra Dadaísta de Deus.
Não tem sentido, não tem valores, não tem um motivo especifico.
Não tem nada ao não ser fazer sua parte dentro do ecossistema.
Quem sabe se romantizarmos tudo isso vivemos com mais vontade? Colocamos um pouco de sentido aqui, adicionamos um pouco de filosofia ali, criamos psicologia mais acolá, fazemos um pouco de musica sobre o assunto mais por cá e jogamos sempre o mesmo manto de interrogações por cima, como um véu em uma noiva não mais virgem.
Sendo assim nos questionamos sem fim, imaginamos tudo que há para se imaginar, desafiamos o limite de nossas mentes para criar as mais diversas situações, casos, poesias, rumos, religiões, romances e etc.
Somos movidos a isso.
Nossas dúvidas nos circundam e criam personalidades.
Tem gente que, é lógico, nem perde tempo pensando sobre isso, vive uma vida inteira como deve-se viver, sem se questionar o porque estamos aqui na Terra.
Mas ai cria-se um blog e começam as especulações.
O que a vida significa? Não significa. Qual o sentido de viver então? Fazer valer. Não importa qual seu objetivo, faça seus dias valerem. Faça seus minutos valerem a pena. Faça valer. Mesmo porque, a vida é uma só.



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

  1. bom... é um super post como sempre... adoro como escreve...
    mesmo eu.. que faço parte daqueles que vivem se questionando... acho interessante seu ponto de vista...
    mas no fim o fato é o mesmo...
    tem que fazer valer....neh?!...

    http://quemerouboudemim.blogspot.com

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  2. É... ele também acaba comigo vez por outra.

    Passei, vi e curti.

    Parabéns. ;)

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  3. Assim é...adorei esse texto,gosto de tudo q vc escreve!!

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Olá, deixe um pouco de vc por aqui...