Presentes da vida.

Temos pouco tempo para se viver uma vida, pois nunca saberemos o seu final. Sempre sabemos o seu começo, nos lembramos como se fosse ontem, outra vida.
A vida nos presenteia de forma elegante nossas tristezas e incertezas. Isso é tão natural quanto a flora que cresce na terra. Mas temos pouco, por isso devemos agarrar todas as dúvidas que a vida cordialmente nos entrega e transformar em certezas. Certezas que possam ser vividas antes que nunca haja uma nova oportunidade. Temos pouco para permanecermos sempre da mesma forma. Temos pouco para acreditar sempre na mesma coisa e seguir um sistema metódico incerto. É pouco tempo. Mas há tempo para se viver.
A vida vem e nos dá com carinho lágrimas e tristezas, derrotas, sofrimento, angústia, desespero. São presentes tão comuns. Mas ela prefere esses.
Tem gente que abre os presentes indignados, com a alma fervendo e um peso de desagrado tremendo. É pior que as meias que sua tia-avó te presenteava no natal. Mas é tão natural quanto o sol que nasce todas as manhãs e se põe todas as noites. Não se proíba de viver esses sentimentos, pois são dessas vivências e experiências que a vida vê que evoluímos e que ali vê que merecemos um bom presente.. talvez felicidade, talvez só mais sabedoria.
Compreendo quando nos pedem para que não choremos. Mas é errado. Se choras é porque deves chorar. Suas lágrimas precisam escorrer, elas não voltam para dentro dos olhos depois que escorrem na face. Sentir as lágrimas caindo, a vista embaçada, a dor que corrói o coração em espasmos frenéticos. Sentir intensamente isso. E a seguir, dure quanto for, sentir desesperadamente o alívio que se cerca sobre você. É a melhor coisa. Sentir se vivo. Esse é um presente irrecusável.