segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma grande casa

Ali, bem no meio de bilhões de casas, existia uma em particular. Grande demais para um único dono. Que fazia questão de preenche-la até todas as muitas portas e janelas terem de ficar totalmente escancaradas.
Era convidativa. Seu anfitrião fazia questão de estar a posto na entrada de sua casa incentivando cada vez mais pessoas a entrarem e permanecerem.
Ali não havia muito a oferecer em termos materiais, mas quanto ao conforto e comodidade era luxuosa.

Haviam quartos onde as pessoas poderiam se aconchegarem, se aquecerem. Uma enorme sala de estar que acomodava sofás de couro tão macios que era possível se perder em suas almofadas, um belo quintal com piscina e churrasqueira e uma cozinha cheia de coisas a serem quebradas. E eram.
Ao fim do dia a casa estava uma bagunça, muitos cômodos destruídos, alguns copos quebrados, algumas coisas roubadas. Mas eles continuavam ali. Alguns iam embora. Mas muitos outros chegavam.
Ali havia uma multidão. O Anfitrião gostava de te-los por perto, mas como estavam ali em grande número ele dificilmente poderia conhece-los melhor.
De repente o anfitrião subiu ao topo da escadaria de 33 degraus em mármore puro. E se pos a falar. Falava mas só uns 2 ou 3 que estavam mais próximos prestaram-se a ouvir. O resto da gente ali não estava interessada em ouvir alguém falando, só queriam falar por si próprias.
E o generoso anfitrião se viu completamente solitário no meio de tantos. Começou a gritar, berrar, e até a saltitar para que fosse notado. E nada ocorria, alguns ainda perguntavam-se o que havia ocorrido com o pacato anfitrião, mas não iam deixar os copos de cristal, nem o sofá em couro macio ou as camas de colchão duplo para dar atenção ao dono de tudo aquilo.
Ele então, só viu uma escapatória de seu silêncio sentenciado... Mudar-se.
Deixou a bela mansão e buscou por uma nova casa, de madeira e pau-a-pique, numa rua com chão de terra, onde havia apenas um quarto, um sofá pequeno, uma cozinha com copos de plástico. Fria e desconfortável. Pouca coisa a se perder, mais nada a se oferecer.

Ficou parado na porta de sua nova residência esperando por mais alguém que gostaria de juntar-se a ele. E apareceram pouquíssimas pessoas, que dariam para contar nos dedos de apenas uma mão leprosa.
E aconchegaram-se na mesma cama, no mesmo sofá, usaram os mesmo copos de plástico, mas totalmente unidos, em uma conexão tão real e permanente que era possível identificar sonhos naqueles novos convidados, de sua nova casa, apenas pelo olhar.
E aqueles poucos, tornaram o anfitrião um Ser completo.

Um comentário:

  1. É o que geralmente acontece quando se tem muito dinheiro, muita extravagância, mas muito interesse, assim deixando a pessoa solitária ao meio de tanta gente.
    Eu quero ter dinheiro, o suficiente para eu viajar pra onde eu quiser, morar uma casa boa, não numa mansão, muito grande só para a minha pessoa, o suficiente para uma boa vida.

    Beijão

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