domingo, 26 de maio de 2013

Mãe, tenho que te contar.

Recentemente eu descobri meu verdadeiro Eu, mãe. E precisava te dizer. Descobri muito sobre mim, não conseguia mais dormir, por isso terei que te confessar... Para todos os lugares onde olho, vejo razões e motivos para ser dessa forma.
Muitos dizem que a gente escolhe ser, eu digo que a gente nasce assim, mas só descobre depois de entender um pouco mais do assunto... Vivemos em tempos modernos mãe, e  muita gente é desse jeito. Descobri que não são apenas as mulheres mas os homens que se tornam também. Estão todos pensando mãe, todos buscando respostas e lutando contra o preconceito. Esse que sempre existiu.
Mãe, não quero que você se assuste. Quero que sinta orgulho de mim, porque há um tempo não tinha coragem suficiente para me revelar dessa maneira.
Não queria ser julgada, não queria que me dissessem o que devo fazer e no que devo acreditar, muito menos sobre pelo o que devo lutar.
Acredito no amor mãe, e você sabe que é difícil acreditar em algo intangível na sociedade em que vivemos. Muitas mulheres sofreram por isso, lutaram pelos seus direitos, desbravaram uma mentalidade infundada por milhares de anos, e têm conseguido muito por isso.
Espero que não me recrimine por pensar diferente, por agir diferente, mas eu me lembro muito bem de como foi decisiva quando não me permitiu jogar futebol no colégio, para você era um esporte "de meninos". Isso faz parte. Apesar do treinador ter implorado pela minha permanência porque eu jogava bem.
Eu quero lutar contra isso mãe. E que meus filhos não sofram o que eu, como mulher, sofro. E muito menos que as mulheres dessa geração sofram como as mulheres de sua geração sofreram.
Esse é um novo século. Um século de mudança para nós. Para mim também, e não importa o que falem não consigo mais pensar com a mentalidade de antigamente. Hoje eu sei de toda a verdade, sobre mim e sobre o mundo.
Ainda vivemos no Patriarcado mãe, e isso muito me revolta. Porque acredito que cada indivíduo deve seguir seu coração baseado no bem e nas ações de amor. Fora isso mãe, esta tudo errado.
Porque vejo pessoas sendo perseguidas, movimentos como o LGBT sendo cassados, tudo por quererem que seus direitos sejam respeitados.
Também quero que meus direitos sejam respeitados. Minhas orientações, minha vida, minhas decisões e minhas escolhas, é complicado a autonomia dessas coisas na época em que vivemos mãe.
Mulheres são violentadas todos os dias, sempre com o argumento de que são frágeis, incompetentes, indiscretas, que não se portam da maneira necessária. Não é nesse mundo que quero viver.
Não quero conviver com o medo e nem quero que as próximas gerações convivam, por isso é preciso lutar mãe.
Dar a cara a tapa, enfrentar a ignorância  sair na rua, carregar bandeiras. Você sabe e eu também sei o peso que as bandeiras têm, mas é necessário.
As pessoas julgam e espero que você não me julgue por aderir a isso.
Como disse, eu nasci dessa forma... mas só descobri agora, depois de ler muito, viver muito e expandir minha mente. É bem mais difícil para mim agora. Mas mãe, tenho que te contar. Eu... eu sou Feminista.




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