sexta-feira, 1 de outubro de 2010

São Paulo

Meu chão de concreto maciço e petrificado, dilacerado pelo tempo e pela corrosiva chuva emanada de poluentes que são adquiridos dos escapamentos de milhões de carros enfileirados por horas em busca de travessia para chegarem a tempo em seus destinos.
TEMPO.
Uma palavra sem sentido para a capital do estado de São Paulo, que leva seu mesmo nome.
A cidade que não dorme, não para e não tem misericórdia de seus habitantes. É uma selva de concreto e aço preparada para te engolir. Imensa, pronta para te levar das maiores mansões da Zona Sul, aos becos intermináveis que assolam os barracos da Zona Norte.


Você precisa se localizar no mapa, dominar as artes da mente para esquivar-se do capitalismo que flui ríspidamente por entre sua tubulação subterrânea.
Seus arranha céus mostram imponência de gigantes monetários. Seus poetas tem os olhos mais abertos com o coração sujo e alma limpa.
Suas paredes têm as artes que variam desde obras d'Os Gêmeos feitos a spray próximo a estação São Bento do metrô à Telas valiosíssimas de Miró e Portinari no MASP.
Onde cintilam as luzes acesas da Vila Madalena, dentro dos bares e casas noturnas, as músicas só param ao sol nascente. E outras começam.
Buzinas, sirenes, cães ladrando repetidamente, conversas por aparelhos celulares, o teclar em computadores em atividade, as campainhas, os tiros, os motores aquecidos, as máquinas de fábricas, os móveis arrastando, trituradoras, escavadeiras e televisores ligados na programação local.
Som que torna imperceptível o áudio do rio que corta o estado todo a correr. O lugar onde o Silêncio é um mito.
Meu chão de concreto petrificado, meu ar munido de poluentes, meu misto de sons variados, Minha São Paulo.

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